Uma faixa de luz invadia meu quarto pela porta entreaberta, assim como outras que vinham da janela. Pela minha percepção do friozinho que sentia enquanto abria os olhos, ainda era cedo. Sete e meia, por aí.
— Bom dia! — selou meus lábios com um sorriso.
— Bom dia — respondi, bocejando e colocando os braços atrás da cabeça, sobre o travesseiro. Eu queria apreciar um pouco a visão.
Costas definidas, os músculos bem visíveis enquanto ela se mexia para vestir as roupas. O cabelo bagunçado, que acho tão sexy. Algumas tatuagens, alguns arranhões da noite que passou. Eu me sentia hipnotizada toda vez que via… e ela percebeu.
Sorri por ser pega e recebi um sorriso de volta. Ela se aproximou, pegou minha polaroid e tirou uma foto minha. Detesto que mexam nas minhas coisas, principalmente naquelas que fazem parte do que amo, mas, dessa vez, não me importei.
— Para não esquecer que tem um sorriso lindo — disse, me entregando a foto já revelada.
Peguei a foto e, em troca, entreguei seu boné:
— Para não esquecer que tem que ir.
— Você e suas regras… já entendi.
Vi sua expressão mudar ao sair da cama. Abotoando a calça com pressa, calçando os tênis e indo embora batendo a porta. Suspirei.
— Por que fez isso?
— Você logo cedo? — olhei para o espelho, reclamando.
— Você passou a madrugada praticamente acordada, não sei por que está irritada. Agora me responde.
— O quê? — disse, enquanto arrumava o quarto.
— Por que foi ríspida?
— Não é a primeira vez que me vê dispensando alguém, não entendi a pergunta.
— Você sabe que com ela é diferente.
— Ah é? Por quê? — terminei de ajeitar os travesseiros no colchão e encarei ela no espelho.
— Você está começando...
— Não diga isso! — interrompi em segundos.
— A se apaixonar.
— Eu disse para não falar isso, que inferno!
Bufei, sentando diante dela, entrelaçando as mãos nos fios do meu cabelo e respirando fundo.
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