- Você precisa se acalmar. – Disse em tom sarcástico.
- Não me provoque! – Falei entre dentes.
- Okay, sem piadas. Podemos conversar sobre o que está
acontecendo?
Respirei fundo e massageei as têmporas, encarando finalmente
sua imagem. Ela também assumiu sua pose de semblante calmo e braços cruzados
para que eu desembuchasse logo.
- Não sei exatamente por onde começar.
- Comece me explicando o motivo de ter praticamente expulsado
aquela pessoa do quarto.
Tentei me posicionar igual ela.
Coluna reta, expressão que não revelava nada, ombros
relaxados e um olhar que ao mesmo tempo me acolhia, me intimidava para soltar
as palavras. Eu apenas me afundei novamente no colchão em suspiros.
- Você estava comigo na primeira vez que aconteceu, na verdade,
você surgiu do nada naquele instante no espelho e eu pensei que estava louca.
- A primeira vez do que? – Perguntou intrigada.
- Eu tinha 17 anos, estava com uma quedinha por uma pessoa
da minha sala desde os 15 no ensino médio e finalmente fui notada. Me lembro dela
se aproximando, dizendo que queria falar comigo na hora do intervalo.
- E o que aconteceu depois?
- Eu esperei, olhava para todos os cantos e nada. Quando finalmente
encontrei, estava em uma roda de amigos e abraçado com outra. Me aproximei e ouvi
ela falando que não sabia onde estava com a cabeça quando pensou em me chamar
para sair, uma nerd que usava óculos e não sabia se vestir. Que poderia até ter
ficado bonitinha sem aparelho, mas nunca seria uma gostosa.
- Nunca vi uma atitude humana tão ridícula. – Negou com a
cabeça.
- Fui para o banheiro frustrada, me olhando no espelho para
saber o que tinha de errado comigo. – Continuei. - Foi quando você apareceu.
Ela não esboçou nenhuma reação, apenas ergueu a sombrancelha. Sinal para prosseguir.
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