- De repente você surgiu, da mesma forma que te vejo hoje só
que com a faixa etária do tempo do ensino médio. Fiquei assustada, mas por
algum motivo sua presença me acalmou.
- Eu sou sua consciência, apesar de ter esse perfil mais austero
eu estou aqui para te mostrar que não está sozinha.
-E aos poucos eu fui entendendo isso. – Me sentei na cama. Estava
mais calma e me sentindo confortável com a conversa. – Depois que isso aconteceu,
demorei para me envolver com alguém. Beijava por beijar, mas o que ouvi naquela
rodinha ainda ecoava minha cabeça.
- Mas você entendia que o problema não estava em você?
- Era o que me dizia. O problema realmente não estava no que
ouvi, mas na forma que me senti depois. Enxergava defeitos onde não existia.
- Foi quando aprendeu a se valorizar.
- Exatamente.
Nossos olhares se encontraram, o meu já um pouco marejado. E
ela sabia por quê.
É muito louca essa história. Uma dualidade, uma outra parte
de mim que na verdade sou eu, minha consciência ou qualquer outra coisa que convive
comigo para me ajudar. Por mais que a minha terapia esteja em dia, isso não se
compara com nada que já possa ter dito em uma sala. Por mais chata que ela, que
no caso, eu seja, não me vejo sem sua companhia.
- Eu terminei o terceiro ano indo direto para faculdade, me
dediquei ao máximo, fui o orgulho dos meus pais e nos primeiros meses de estágio
consegui ter condições para morar sozinha. – Sequei a primeira lágrima que
escorreu e continuei. – Busquei o melhor para minha saúde, mudei meu estilo e
comecei a me exercitar.
- Foi aí que apareceu...
- A primeira pessoa que descontei tudo o que sentia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário